Nem medicina, nem alternativa

(Por Gabriela Rassy) - Nem medicina, nem alternativa. Cursos de terapias com técnicas naturais ou menos agressivas do que os tratamentos tradicionais são muitas vezes confundidos com misticismo, empirismo ou até mesmo cursinho de final de semana.

Mas a área da saúde, já faz um tempo, não se limita à cirurgias, clinicas e medicamentos tradicionais. Cursos como naturologia, quiropraxia e musicoterapia já fazem muito sucesso e abrem novas portas para os tratamentos do corpo e da mente.

Naturologia

O curso aborda, em seus 4,5 anos, a prática de massoterapia, reflexologia, aromaterapia, essências florais, cromoterapia, meditação, yoga, entre outras atividades. “Naturologia é um curso de graduação que tem como base as áreas biológicas, da saúde, humanas e as medicinas tradicionais (chinesa, ayurveda e xamânica)”, conta Rozane Goulart, coordenadora de naturologia aplicada da Unisul- Universidade do Sul de Santa Catarina.

“Essa inovadora área da saúde complementa toda a atuação proposta da Medicina Ocidental e Alopática, com técnicas e recursos naturais, menos invasivos, respeitando o ritmo de busca ao equilíbrio do indivíduo”, explica a naturóloga e docente do curso de Naturologia da Universidade Anhembi Morumbi, Michelly Eggert Paschuino.

O curso da Unisul tem 10 anos. Nesse período já foram formados aproximadamente 460 naturológos que atuam principalmente em Spas, clínicas de repouso e clínicas de estética. Mas calma, você não precisa se limitar aos tratamentos. Como é um curso novo, dar palestras e cursos sobre educação alimentar e técnicas para promoção e manutenção de saúde pode ser uma boa opção.

“Depois de formado, pode seguir sua formação em cursos relacionados a área da saúde e a grande maioria durante o curso sempre se aperfeiçoam nas práticas já trabalhadas e principalmente nas medicinas chinesa e ayurveda”, disse Rozane.

Como é um curso novo, as pessoas ainda confundem muito a realidade da profissão. “O profissional sempre escuta ‘Ah! Você é zen, faz massagens, é naturalista’, mas diferente disso, o naturólogo é um ser humano normal, onde na sua individualidade terá suas preferências, para garantir e promover seu bem estar e qualidade de vida”, explica Michelly.

“Escolhi a Naturologia por acreditar que esta é uma profissão inovadora, pela qual poderia cuidar da saúde das pessoas com um olhar diferenciado e humanizado”, conta a estudante Jessica Liz Carvalho. “O naturólogo considera o ser humano de maneira integral, ou seja, tem consciência de sua complexidade e da importância de considerá-lo em seus aspectos físicos, mentais, emocionais e sutis”, disse.

Quiropraxia

Esta se utiliza de tratamentos menos agressivos ou invasivos para doenças dos sistemas nervoso, muscular e esquelético. “É uma profissão independente na área da saúde que estuda e diagnostica os problemas de origem músculo-esquelético”, disse o coordenador do curso de graduação em Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi, Song Duck Kim.

“Ela se diferencia das demais profissões na área da saúde, pois o tratamento é realizado por meio de manipulação articular, que são movimentos rápidos e precisos realizados com as mãos”, explica Song.

O fato de não pertencer à medicina tradicional e fazer tratamentos com as mãos, algumas pessoas podem entender mal a formação do quiropraxista. “Acham que é um curso de final de semana, quando na verdade é uma graduação. Porém, há limitações”, disse Song.

O coordenador explica que a formação é complexa e garante que “o aluno precisa se submeter a extensas aulas de anatomia e fisiopatologia, ter o domínio de exames complementares, depois aprender as técnicas manipulativas específicas em Quiropraxia. Somente depois de ter superado todas estas etapas, estará apto a exercer a função na qual foi qualificado.”

A aluna do 8º semestre da Anhembi, Camila de Carvalho Benedicto, faz uma ressalva: “Como todo método terapêutico, os tratamentos realizados pelos quiropraxistas têm indicações e contra-indicações precisas. Quando realizados por profissionais qualificados, os riscos são extremamente reduzidos.”

No Brasil, temos duas faculdades: a Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo e o Centro Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Ambos os cursos foram implementados em associação a Universidade de Quiropraxia dos EUA.

Este é um mercado ainda muito pequeno no Brasil. Há cerca de 56 mil quiropraxistas nos Estados Unidos, numa população que gira em torno de 380 a 400 milhões. Hoje, no Brasil, há somente 330 profissionais com curso superior, habilitados para o exercício da profissão (Dados da Associação Brasileira de Quiropraxia- ABQ).

“Existe um mercado enorme e inexplorado para os profissionais que queiram trabalhar nesta área. Creio que seja a profissão do futuro para os próximos vinte anos”, disse Song. “Já temos ex-alunos trabalhando com a Quiropraxia Esportiva, na área de Medicina do Trabalho, em Pesquisa e Docência, Especialização e Mestrados, Sindicatos dos trabalhadores Gráficos, Hospitais e Clínicas Próprias”, conta.

“Quiropraxia é uma parte integrada do sistema de cuidados da área da saúde moderna que está agora no Brasil”, disse Camila de Carvalho Benedicto, aluna do 8º semestre da Anhembi. Tanto é um mercado em expansão que até mesmo no PAN e nos Jogos Olímpicos de Pequim quiropraxitas atenderam os jogadores.

Musicoterapia

Na explicação da fundadora e coordenadora dos cursos de graduação e pós-graduação e da clínica-escola de musicoterapia da FMU, Maristela Smith, a musicoterapia é uma forma de terapia holística que considera o homem como ser total e complexo (biopsicossocial e espiritual), tanto quanto a própria música, com características impressas únicas, mas que se complementa com o outro.

A atuação do musicoterapeuta abrange práticas clínicas que vão desde fins não-terapêuticos até desempenhar um papel central no tratamento de amusias, avocalias, alexias ou arritmias ou outras “doenças musicais”.

Quanto ao mercado, Maristela afirma que “vem se ampliando de forma lenta, mas intensiva. Hospitais, clínicas, escolas especiais, empresas, casas de repouso, creches, centros de recuperação diversos e demais instituições vêm solicitando a entrada de musicoterapeutas em suas equipes. Como ainda é uma profissão desconhecida pela maioria das pessoas, o número de atuantes ainda é pequeno e muito valorizado.”

A aluna da FMU, Vanessa Lira, estuda piano há oito anos e sempre sentiu uma ligação intensa com a música. “Pela minha própria experiência e contato com a música desde pequena, já conhecia seu poder para acessar aquilo que há de mais profundo dentro de cada um de nós. Além disso, sempre acreditei e senti seu poder curativo”, conta.

Para Vanessa, a musicoterapia “não está associada ou ligada a nenhuma outra área; é um área e um curso específico, podendo interagir com outras profissões, por meio de vínculos entre equipes interdisciplinares que só beneficiarão o paciente.”

Além da FMU, o curso de graduação existe na Faculdade Paulista de Artes, em São Paulo, na Universidade Federal de Goiás, no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, na Faculdade de Artes do Paraná e na Feevale.


Fonte: http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/euquerosalvaroplaneta/2009/01/27/27914-da-para-estudar-saude-sem-fazer-medicina

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